segunda-feira, 16 de outubro de 2017

CHAPEUZINHO OU VERMELHO


“Pela estrada afora eu não vou sozinha, pois o leitor me faz companhia”.
Essa é a canção que Chapeuzinho deveria cantar em “Chapeuzinho OU Vermelho”, zine-game lançado pelo selo cearense Netuno Press.
O leitor não só acompanha a heroína como a encarna e toma todas as decisões em seu lugar. Escolhendo quais caminhos seguir e o que fazer diante de certas situações, você, leitor, é a Chapéu e a Chapéu é você.
Tudo de um jeito muito empolgante e intuitivo.
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Fazer a releitura de um clássico, ainda por cima gamificado, pode não ser novo, mas é bem arriscado, porém, Márcio Moreira entrega um trabalho bem feito e divertidíssimo.
Além de fazermos as escolhas da personagem principal, “Chapeuzinho OU Vermelho” é um livro-jogo bem-humorado, com expressões descoladas e situações comuns, o que nos aproxima mais da obra e nos faz realmente sentir que somos a protagonista.

“Chapeuzinho OU Vermelho” ainda conta com uma galeria de ilustradores, entre eles, Débora Santos e Talles Rodrigues, que emprestaram a sua interpretação para diversas situações pelas quais passou a intrépida heroína. Ou seria, situações pelas quais VOCÊ passou?

GALERIA DE ARTISTAS CONVIDADOS

Vale ressaltar o ótimo acabamento do zine, papel de qualidade, boa impressão e encadernado de maneira artesanal.
Agora, que tal pegar a sua cestinha, vestir a sua capa e visitar a vovó?

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quarta-feira, 4 de outubro de 2017

ARVORADA


EM "CHICO BENTO - ARVORADA" (título com duplo sentido, pois refere-se à alvorada (crepúsculo) - no jeito caipira de pronunciar -, e arvorada (arborizar)), a efemeridade é a essência dessa graphic. É o que conduz a história. Tudo é efêmero. Seja a alegria ou a tristeza.
Após perder a flora do ipê daquele ano, Chico é advertido por sua avó sobre a efemeridade das coisas. Com essa lição, o garoto aprende a olhar com mais cuidado para tudo ao seu redor. Passa a aproveitar cada momento seja de lazer ou seja trabalhando na roça como algo único de prazer e de aprendizado.
Mesmo aproveitando cada instante, ele não vê a hora de chegar a próxima arvorada do ipê, para apreciar tal espetáculo da Natureza acompanhado da Vó Dita. Porém, quando o momento chega, vó Dita adoece e o médico prepara a família para o pior. Agora, naquele momento que pode ser o último com sua avó, Chico anseia pela alvorada, pois acredita que o novo dia que está para nascer será diferente.
Enfrentando a possibilidade de uma nova perda (há uma referência à história clássica da morte de Mariana, a irmãzinha de Chico), Chico segue sempre colocando em prática tudo o que aprendeu com vó Dita.
E, depois, enfrentando até o sobrenatural, o garoto só deseja que a sua vó melhore e fará o que estiver ao seu alcance para protegê-la.
Como não poderia deixar de ser nas histórias do Chico, a família é o ponto de partida e de chegada.

Difícil apontar uma única página/diálogo preferida(o). A primeira vez que li, estava dentro do ônibus e não consegui conter as lágrimas, chorei ali mesmo. E chorei novamente nas duas vezes que reli.
Sidney_gusman acertou mais uma vez na indicação do artista que criaria essa incrível graphic novel MSP. Desenhada e escrita por Orlandeli, ARVORADA nos apresenta um drama denso, delicado, belo e emocionante.