terça-feira, 20 de maio de 2014

PIADA VELHA

Uma das primeiras lições que minha mãe me ensinou – direta ou indiretamente – foi: “Ria de você mesmo antes que outra pessoa faça isso”. Não necessariamente com essas palavras, mas com essa ideia.
E, desde que eu me entendo por gente [e a entendo por Mãe], percebo que é algo que ela faz bem. Se tropeça, faz uma graça e ri. Das suas dores, faz piada. Sobre seu peso, piada. E por aí vai...
Com isso, aprendi que, se eu me antecipava a rir de alguma coisa que acontecia comigo, desencorajava qualquer outra pessoa a debochar de mim. Assim, consegui fugir da maioria dos bullies [na minha época, não era chamado assim, chamávamos de “menino arengueiro”. rs].
Por qualquer coisa, seja um tropeço, cair da cadeira, um furo na roupa... Antes da pessoa apontar o dedo pra mim, eu já estava rindo [e alto! Quem me conhece sabe o quanto meu riso – gargalhada – é alto]. Daí, logo perdia a graça para os outros. Era piada velha.
Tento ser assim até hoje.

Pensando nisso, há algo que vem me intrigando por esses dias. Ao assistir ao novo programa do Marcelo Adnet, “Tá no Ar: a TV na TV”, vi que, às vezes, entre um esquete e outro, aparece o próprio caracterizado como um “militante-clichê” [perdoem-me se a definição é errônea, mas foi a que me veio à mente], utilizando um sotaque típico de algumas cidades do Nordeste [confesso, não captei a referência] falando mal do esquete outrora apresentado e colocando toda a culpa na Globo [emissora exibidora do programa] e com um discurso intencionalmente “surrado” sobre tudo o que a mesma faz de errado. Sobre manipulação e afins.
O estranho é que é aquele texto que conhecemos, às vezes, passamos adiante, e que todos sabemos que não está exatamente errado.
E de tando o personagem [ou o próprio artista?] fazer troça da Globo, a sensação que dá é que toda e qualquer acusação feita por outra pessoa perderá força, pois ela [a contratante] já utilizou dessa artimanha para invalidá-la.

Não se pode negar o talento do artista e sua influência, pois o mesmo cria algumas coisas engraçadas e construídas de modo inteligente, mas lembrando que, agora, trabalha para o maior grupo de comunicação do país e dentro do programa fala mal da empresa que o paga, não consigo deixar de lembrar da lição de minha mãe.

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