Uma das primeiras lições que minha
mãe me ensinou – direta ou indiretamente – foi: “Ria de você
mesmo antes que outra pessoa faça isso”. Não necessariamente com essas palavras, mas com essa ideia.
E, desde que eu me entendo por gente [e
a entendo por Mãe], percebo que é algo que ela faz bem. Se tropeça,
faz uma graça e ri. Das suas dores, faz piada. Sobre seu peso,
piada. E por aí vai...
Com isso, aprendi que, se eu me
antecipava a rir de alguma coisa que acontecia comigo, desencorajava
qualquer outra pessoa a debochar de mim. Assim, consegui fugir da
maioria dos bullies [na minha
época, não era chamado assim, chamávamos de “menino arengueiro”.
rs].
Por
qualquer coisa, seja um tropeço, cair da cadeira, um furo na
roupa... Antes da pessoa
apontar o dedo pra mim, eu já estava
rindo [e alto! Quem me
conhece sabe o quanto meu riso – gargalhada – é alto]. Daí,
logo perdia
a graça para os outros. Era piada velha.
Tento
ser assim até hoje.
Pensando nisso, há
algo que vem me intrigando por esses dias. Ao assistir ao novo
programa do Marcelo Adnet, “Tá no Ar: a TV na TV”, vi que, às
vezes, entre um esquete e outro, aparece o próprio caracterizado
como um “militante-clichê” [perdoem-me se a definição é
errônea, mas foi a que me veio à mente], utilizando um sotaque
típico de algumas cidades do Nordeste [confesso, não captei a
referência] falando mal do esquete outrora apresentado e colocando
toda a culpa na Globo [emissora exibidora do programa] e com um
discurso intencionalmente “surrado” sobre tudo o que a mesma faz
de errado. Sobre manipulação e afins.
O estranho é que é
aquele texto que conhecemos, às vezes, passamos adiante, e que todos
sabemos que não está exatamente errado.
E de tando o
personagem [ou o próprio artista?] fazer troça da Globo, a sensação
que dá é que toda e qualquer acusação feita por outra pessoa
perderá força, pois ela [a contratante] já utilizou dessa
artimanha para invalidá-la.
Não se pode negar
o talento do artista e sua influência, pois o mesmo cria algumas
coisas engraçadas e construídas de modo inteligente, mas lembrando
que, agora, trabalha para o maior grupo de comunicação do país e
dentro do programa fala mal da empresa que o paga, não consigo
deixar de lembrar da lição de minha mãe.
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