Naquela
manhã ele acordou decidido. Tinha firme a convicção de que não
deixaria que as próximas vinte e quatro horas fossem parecidas com
os vinte e quatro anos passados.
Levantou-se.
Arriscou uns passos de dança da cama até o banheiro e solfejava uma
canção de infância – sua preferida – para acompanhar.
Banhou-se.
Olhou-se no espelho e lembrou que não precisava tirar a enorme
barba. Não devia satisfação a mais ninguém.
Ao
ligar o carro, sentiu uma crescente excitação pelo que estava por
vir.
Resolveu
andar com os vidros abaixados para sentir o vento, ouvir os sons da
cidade e poder despedir-se dela.
Aproximava-se
da rua que deveria entrar para chegar ao escritório, o coração
batia mais rápido, sentiu a boca seca. Quando passou direto por ela,
a rua, soltou uma gargalhada que há muito não ouvia. Gostava da
própria gargalhada. Então, gargalhou novamente.
O
carro seguia por aquela via que levaria à avenida que desembocaria
na autoestrada que o faria sair da cidade.
A
ele, pouco importava aonde iria chegar, pois sabia que a sua Vida
deveria ser vivida durante o caminho e não no destino final.
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