terça-feira, 14 de janeiro de 2014

LIBERDADE

Naquela manhã ele acordou decidido. Tinha firme a convicção de que não deixaria que as próximas vinte e quatro horas fossem parecidas com os vinte e quatro anos passados.
Levantou-se. Arriscou uns passos de dança da cama até o banheiro e solfejava uma canção de infância – sua preferida – para acompanhar.
Banhou-se. Olhou-se no espelho e lembrou que não precisava tirar a enorme barba. Não devia satisfação a mais ninguém.
Ao ligar o carro, sentiu uma crescente excitação pelo que estava por vir.
Resolveu andar com os vidros abaixados para sentir o vento, ouvir os sons da cidade e poder despedir-se dela.
Aproximava-se da rua que deveria entrar para chegar ao escritório, o coração batia mais rápido, sentiu a boca seca. Quando passou direto por ela, a rua, soltou uma gargalhada que há muito não ouvia. Gostava da própria gargalhada. Então, gargalhou novamente.
O carro seguia por aquela via que levaria à avenida que desembocaria na autoestrada que o faria sair da cidade.

A ele, pouco importava aonde iria chegar, pois sabia que a sua Vida deveria ser vivida durante o caminho e não no destino final.