terça-feira, 30 de julho de 2013

INSÔNIA

É madrugada e eu queria dormir, mas estou sem sono.
Já contei elefantes [sim, eu preciso de algo mais pesado que carneirinhos], mas não sinto sono. E, olha, separei em manadas de duzentos – essa mania de organizar tudo! –, e cheguei em vinte e seis manadas.
Pelo visto, se depender de mim, os elefantes jamais entrarão em extinção.

O “tic-tac” do relógio é diretamente proporcional a minha insônia. Ou seja, quanto mais sem sono eu fico, mais alto é o volume do “tic-tac”. Sonzinho irritante.

Um pouquinho de luz invade o meu quarto, penso em brincar de fazer formas na parede com a sombra das minhas mãos. Mas me entedio rápido.

Ouço ao longe um conversa. Na verdade, é uma discussão. Ela está acusando ele de estar bêbado, e que, com certeza, “estava com as cachorras”.
Coitada. Trocada por cachorras.

Por falar em "cachorras", há um cachorro latindo em algum lugar. Um bêbado cantando. Provavelmente, caído em alguma calçada. O irritante apito do vigia da rua – se eu estivesse com sono, o teria perdido neste momento.

Converso com o meu travesseiro. É o meu melhor confessor. Escuta tudo que tenho pra falar e não conta pra ninguém e nem usa contra mim nada do que eu digo pra ele. É um bom amigo, e um sábio conselheiro. Mas já contei tudo e agora estou sem assunto. E sem sono.

Caramba! Ela realmente está com raiva dele. Foi um erro terrível ficar com as cachorras. A mulher não para de gritar. Não estou conseguindo sequer ouvir a voz dele. Se deu mal.

Putz! Já rodei a cama toda, e o danado desse sono não vem.

Ah, não! Os gatos resolveram namorar justamente no meu telhado. Shhh... FAÇAM SILÊNCIO, EU QUERO DORMIR!!!
Coitados... Como se fosse por culpa deles eu ainda estar acordado.

Resolvo refletir sobre como foi o meu dia. Hmm... Cheguei atrasado ao trabalho e levei a maior bronca do meu chefe. Aquela maldita cliente, mais uma vez, gritou comigo e desligou o telefone na minha cara [ela sempre faz isso]. O meu salário ainda está atrasado. Meu chefe me deu outra bronca por causa da maldita cliente. Ela ligou para ele e reclamou do meu atendimento [maldita!]. Não consegui ligar para a minha namorada [ela deve estar danada da vida!]. Pensando bem... é melhor não refletir sobre como foi o meu dia.

Cinco mil duzentos e um elefantes, cinco mil duzentos e dois elefantes, cinco mil duzentos e três elefantes, cinco mil duzentos e quatro elefantes, cinco mil...

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